Últimas

Pesquise

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Empréstimos em Criptomoedas: Mais um Golpe

Parece uma aposta segura. Dás dinheiro a um devedor que coloca uma garantia que excede o tamanho do empréstimo, e depois ganhas um juro de cerca de 20%.

O que pode correr mal?

Essa é a proposta apresentada pelo “DeFi”, ou finanças descentralizadas, plataformas de criptografia ‘peer-to-peer’ que permitem realizar transações financeiras de crédito sem os guardiões tradicionais dos empréstimos: os bancos.

Uma fórmula que disparou durante a crise do coronavírus.

Os empréstimos nessas plataformas multiplicaram-se por mais de sete desde março, atingindo 3,7 mil milhões de dólares, segundo o site DeFi Pulse, enquanto os investidores procuram lucros num momento em que os bancos centrais de todo o mundo reduziram as taxas de juro para apoiar as economias afetadas pela pandemia.

Os defensores desta prática garantem que os portais DeFi, que funcionam com um código aberto que fixa as taxas em tempo real com base na oferta e na procura, representam o futuro dos serviços financeiros, proporcionando uma forma mais barata, eficiente e acessível para pessoas e empresas acederem e oferecerem crédito.

Mas, com a promessa de grandes recompensas, vem o risco.

Advogados e analistas afirmam que esses portais são vulneráveis a erros de codificação e a piratas informáticos, que a maioria deles não foi testada e que não estão regulados, algo típico em grande parte do setor da criptografia, que desconfia do establishment financeiro.

Os críticos alertam que a tecnologia pode ser a próxima bolha no mundo da criptografia, semelhante à das Ofertas Iniciais de Moedas (ICO, na sigla em inglês), com os investidores inexperientes particularmente em risco.

Em 2017, milhares de milhões de dólares foram destinados às ICO, com as quais as empresas arrecadaram capital emitindo novas moedas virtuais. A maioria dos projetos não conseguiu ganhar tração, e muitos investidores perderam o seu dinheiro.

“Trata-se de experimentos em finanças”, disse Preston Byrne, do escritório de advogados Anderson Kill, em Nova Iorque.

“Não são necessariamente legais em muitos casos, mas isso não quer dizer que não possam vir a sê-lo”, acrescentou.

Em qualquer caso, o DeFi está a crescer em popularidade.

Há sete anos, Brice Berdah sonhava em reformar-se aos trinta e poucos anos. Calculou quanto precisaria de poupar: “O montante exato era de 1,7 milhões de euros”.

A realidade, no entanto, destruiu os seus planos. As baixas taxas de juro fizeram com que as suas poupanças estagnassem.

“Aos 27 anos, só tinha poupado cerca de 0,5% do montante necessário”, disse Berdah, que trabalha numa empresa dedicada à criação de carteiras digitais para armazenar moedas digitais. “Foi um fracasso óbvio”.

Para ressuscitar o seu sonho, Berdah, agora com 28 anos, recorreu ao DeFi.

“Agora estou a usar o DeFi, reajustei os meus planos de reforma”, disse Berdah, sediado em Paris, que apostou 90% do seu património líquido no DeFi. “Os retornos são de cerca de 20-25% nos últimos seis meses… Agora estou no caminho certo”.

Embora as raízes do DeFi estejam num setor criptográfico hostil ao financiamento tradicional, alguns dos seus objetivos - como a redução de trâmites e burocracia caros na concessão de crédito - chamaram a atenção das empresas que tentam ultrapassá-los.

No futuro, dizem os defensores, serão emitidos títulos ou ações e comercializados diretamente em plataformas baseadas na blockchain, em vez de o fazerem através dos bancos de investimento ou bolsas centralizadas.

A codificação, e não os humanos, supervisionará os processos, garantem.

Por outro lado, os principais bancos estão a estudar como esta tecnologia pode ser utilizada para complementar o establishment financeiro.

Goldman Sachs, por exemplo, contratou um novo chefe de ativos digitais para estudar como podem existir ativos com a tecnologia do blockchain, disse um porta-voz da firma no início deste mês.

“Há um valor real no que está a ser construído com estas novas técnicas”, indicou Maya Zehavi, consultora de blockchain e membro do conselho de um grupo industrial israelita dedicado ao setor.

“Poderá acabar por ser um ecossistema de financiamentos instantâneos para qualquer projeto. Essa é a promessa”.

A maioria das plataformas de DeFi baseia-se no ‘ethereum blockchain’, a espinha dorsal do ethereum, a segunda maior criptomoeda depois do bitcoin.

Ao contrário do bitcoin, o ethereum blockchain pode ser utilizado para criar contratos digitais, enquanto os desenvolvedores podem construir mais facilmente novos softwares ou aplicações.

Os empréstimos são registados, emitidos e administrados com base em contratos de blockchain. Os devedores devem oferecer uma garantia, também em criptomoeda, que geralmente tem um valor superior ao dos empréstimos que solicitam.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Publicação em destaque

Carro Totalmente Detruido pelas Chamas na Cancela

Viatura ficou irreconhecível após deflagração de incêndio junto ao Pingo Doce Um carro foi totalmente destruído por um incê...