1 de Maio na Madeira: A tradição do 'Saltar à Laje' e o Dia dos Cornudos
Uma tradição popular entre piqueniques, fogueiras e sátiras ao adultério marca o Dia do Trabalhador na Ilha da Madeira
Na Ilha da Madeira, o 1.º de Maio, conhecido internacionalmente como o Dia do Trabalhador, é celebrado com uma tradição muito peculiar e carregada de simbolismo: o famoso "Saltar à Laje".
Esta expressão popular, profundamente enraizada na cultura madeirense, vai muito além do simples convívio. Antigamente, era costume enfeitar as furgonetas com ramos de giesta — planta típica da serra — e destacar na dianteira um vistoso par de cornos de cabrito, vulgarmente chamados de aspas.
O significado oculto por trás da tradição
A brincadeira tem uma origem satírica. "Saltar à laje" é uma expressão que surgiu como uma alusão ao adultério e à infidelidade conjugal. O primeiro de maio passou a ser conhecido, de forma caricata e algo provocadora, como o Dia dos Cornudos.
Segundo a tradição oral, o ato de "saltar à laje" era praticado em tom de gozo, representando o salto metafórico que os homens traídos davam perante a infidelidade das companheiras. Era uma espécie de ritual de autoironia e de aceitação pública dessa condição.
Festas na serra, fogueiras e convívio popular
Hoje em dia, o 1.º de maio é celebrado com piqueniques nas serras da Madeira, onde famílias e amigos se reúnem para confraternizar. As fogueiras são acesas, os petiscos regionais abundam e, em certos locais, ainda há quem mantenha viva a tradição de saltar sobre o fogo, numa clara homenagem ao espírito irreverente deste dia.
A tradição, embora com um cunho de sátira e humor negro, é vista como uma oportunidade para a população preservar a identidade cultural, brincar com temas sérios e, ao mesmo tempo, celebrar o esforço dos trabalhadores madeirenses num ambiente descontraído e festivo.
Um símbolo da cultura popular madeirense
Mesmo com o passar do tempo e a evolução dos costumes, o Saltar à Laje continua a ser um dos rituais mais característicos e curiosos do arquipélago. É uma mistura de tradição, folclore, humor e crítica social que marca, de forma única, o Dia do Trabalhador na Madeira.
Em tempos modernos, a prática perdeu algum do seu simbolismo mais provocador, mas o espírito festivo mantém-se firme. É uma celebração que une gerações e faz com que o madeirense nunca perca a sua capacidade de rir de si mesmo — mesmo quando o tema é a infidelidade.
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