280 lugares de estacionamento e 40.000 metros quadrados de verde: uma promessa que nunca saiu do papel
Funchal, 27 de maio de 2025 — Anunciado com grande entusiasmo em inícios de 2023, o projeto para um novo parque de estacionamento com 280 lugares e a construção daquele que seria “o maior jardim público da Madeira”, com 40.000 metros quadrados, deveria transformar a zona da Praia Formosa num exemplo de urbanismo moderno e sustentável.
Passados mais de dois anos, os madeirenses continuam à espera. Não há máquinas, nem escavações, nem sequer um painel de obra. O que existe é o silêncio absoluto das autoridades e uma população que começa a sentir-se enganada.
Obra anunciada, mas nunca iniciada
A notícia divulgada pelo Diário de Notícias da Madeira em 2023 foi recebida com entusiasmo. Um parque de estacionamento junto à praia resolveria os crónicos problemas de mobilidade da zona, especialmente nos meses de verão. E o tal jardim público, com uma dimensão sem precedentes na ilha, prometia ser um novo espaço de lazer e bem-estar para famílias, idosos, crianças e visitantes.
Porém, em maio de 2025, não há qualquer vestígio da obra. Nunca foi sequer iniciada. E do investimento anunciado, que incluiria 10.000 metros quadrados de construção para estacionamento, nada se sabe.
Crises políticas, mas sem justificações plausíveis
É verdade que, no intervalo entre 2023 e 2025, a saída de Pedro Calado da presidência da câmara do Funchal e duas eleições regionais turbulentas marcaram o panorama político da Madeira. Tentativas falhadas de retirar Miguel Albuquerque do poder criaram instabilidade, mas nenhum outro projeto importante ficou parado.
A verdade nua e crua é que não existe qualquer justificação razoável para que esta obra tenha sido abandonada ainda na fase inicial. Foi, pura e simplesmente, esquecida. O povo sente-se, uma vez mais, usado e manipulado por promessas eleitorais que não passaram disso mesmo: palavras ao vento.
Passeio entre a Praia Formosa e as Docas do Cavacas: um retrato do abandono
Para piorar o cenário, o passeio entre a Praia Formosa e as Docas do Cavacas, que chegou a ser elogiado como exemplo de recuperação urbana, encontra-se hoje em estado lastimável. Partes da iluminação foram roubadas, plantas deixaram de ser cuidadas e o espaço é hoje, literalmente, um “passeio para cães”.
Com fezes e urina de animais espalhadas pelo caminho, a falta de civismo de muitos tutores e a ausência de fiscalização transformaram um local de lazer num cenário de descuido. O que antes era um espaço limpo e convidativo, agora é visto como degradado e inseguro.
Moda ou responsabilidade?
Há uma nova moda na Madeira: adotar animais. Embora louvável em muitos casos, muitos o fazem por status ou redes sociais e não por sentido de responsabilidade. O resultado está à vista: espaços públicos transformados em sanitários a céu aberto, sem consequências para os infratores.
Madeira continua à espera do prometido
Enquanto isso, os residentes da Madeira continuam a esperar. Esperar por respostas concretas, por transparência no uso dos fundos públicos e por ações reais que beneficiem a comunidade e não apenas sirvam para angariar votos em tempos de campanha.
Até quando a promessa do maior jardim da Madeira continuará enterrada no esquecimento?
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