Fim do contrato com a Tabaqueira pode levar ao encerramento da histórica fábrica fundada em 1913
A produção de cigarros nas fábricas da Empresa Madeirense de Tabacos (EMT), em Machico e Ponta Delgada, será encerrada em 2025, colocando em risco 225 postos de trabalho nas Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores. A decisão foi confirmada nas notícias da Madeira por fonte oficial da Tabaqueira, subsidiária da Philip Morris International (PMI).
Contrato chega ao fim: produção será transferida para Sintra
O contrato de licença de fabrico com a EMT caduca a 31 de janeiro de 2025, e a Tabaqueira já informou que não pretende renovar nem estabelecer novo acordo. A produção será centralizada na fábrica de Sintra, que continuará a ser o polo de investimento e desenvolvimento industrial da marca em Portugal.
“A decisão foi comunicada atempadamente à EMT e decorre de uma avaliação cuidada do contexto de negócio e regulatório”, informou a Tabaqueira. A Fundação Berardo, principal acionista da EMT, não quis prestar declarações.
Impacto social: até 2000 pessoas afetadas direta e indiretamente
Um estudo do ISCTE, divulgado no final de 2023 e financiado pela própria Tabaqueira, aponta que o impacto da EMT estende-se muito além dos 225 trabalhadores diretos. A cadeia de valor da empresa influencia cerca de 2000 pessoas, incluindo famílias e prestadores de serviços.
Na Região Autónoma da Madeira, o setor do tabaco representa 1,92% da população ativa, enquanto nos Açores o número é de 1,14%.
Futuro incerto para a EMT
Com o fim do contrato, a EMT perde o seu único grande cliente em Portugal. Segundo fontes do setor, não está descartado um cenário de encerramento definitivo da empresa madeirense, fundada há mais de 110 anos.
“Estamos conscientes do impacto, mas não encontramos racional económico que justifique a manutenção do contrato”, refere uma nota interna da Tabaqueira ás notícias da Madeira, assinada pela administração liderada por Marcelo Nico.
Tabaqueira apela ao Governo por apoio em Bruxelas
A decisão surge numa altura crítica em que a Tabaqueira tenta garantir apoio institucional para resistir a futuras mudanças fiscais e legais a nível europeu. Em causa está a revisão da diretiva fiscal do tabaco, que data de 2011.
A Tabaqueira alerta para o risco de “mudança desproporcional” que pode afetar negativamente o setor, apelando a uma posição firme do Governo português em defesa do setor do tabaco em Bruxelas.
Com o encerramento das fábricas da EMT, a Madeira perde uma das suas mais antigas unidades industriais, com efeitos profundos no emprego e na economia local.
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