Moradores denunciam tratamento desigual em zonas críticas como São Martinho, Santo António e Santo Amaro
FUNCHAL – A Polícia de Segurança Pública (PSP) levou a cabo, recentemente, uma operação de fiscalização na Avenida Zarco, no coração da cidade do Funchal, onde várias viaturas foram grampeadas por estacionamento indevido em locais reservados a particulares.
A medida foi recebida com aprovação por alguns transeuntes, mas também gerou forte descontentamento entre moradores de outras zonas da cidade, que alegam estar a viver situações ainda mais graves, mas sem qualquer tipo de intervenção policial visível.
Críticas à atuação seletiva da PSP
De acordo com várias denúncias recebidas pela nossa redação, em São Martinho existem zonas onde o estacionamento caótico é uma constante e, mesmo com repetidas chamadas à PSP, a presença policial é demorada.
Nos Piornais, o cenário é ainda mais preocupante. Há relatos de veículos estacionados à frente de garagens e parques de estacionamento de edifícios, bloqueando acessos essenciais. Ambulâncias, viaturas do lixo e camiões de carga ficam frequentemente impedidos de circular, causando atrasos com potencial risco para a segurança pública e a saúde.
Santo António e Santo Amaro: problemas crónicos e sem solução
As queixas estendem-se também a setores de Santo António e Santo Amaro, onde o estacionamento abusivo é praticamente ignorado pelas autoridades. Moradores afirmam que a única ação concreta parece ser a aplicação aleatória de multas em áreas centrais, sem um plano de resolução consistente.
“Hoje grampeiam um carro, amanhã outro está no mesmo sítio e não acontece nada”, queixa-se um residente. “Não há fiscalização contínua, nem plano de ordenamento do trânsito nestas zonas periféricas.”
Uma estratégia de trânsito que muitos consideram falhada
A ausência de uma política eficaz de mobilidade urbana está a gerar revolta entre os cidadãos. Muitos consideram injusto que apenas algumas zonas do Funchal sejam alvo de medidas punitivas, enquanto outras continuam ao abandono.
Especialistas em urbanismo e mobilidade têm alertado repetidamente para a necessidade de uma estratégia integrada de fiscalização e educação cívica, que contemple todas as freguesias e promova uma convivência mais ordeira nas vias públicas.
É preciso mais do que multas aleatórias
A operação na Avenida Zarco expôs um problema grave: a desigualdade na aplicação da lei em diferentes zonas da cidade. Enquanto a PSP do Funchal aplica grampos em áreas visíveis e centrais, os bairros residenciais continuam a ser esquecidos, alimentando o sentimento de injustiça e abandono por parte das autoridades.
O apelo dos cidadãos é claro: uma fiscalização equitativa, regular e estratégica, capaz de resolver de forma duradoura o problema do estacionamento ilegal na Região Autónoma da Madeira.
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