Levantam debate sobre turismo low-cost na Madeira
Mais um caso de turistas a pernoitar em local público chama a atenção para a ausência de regulamentação e o impacto do turismo económico na região.
Testemunha relata pernoita em viatura com janelas cobertas no Funchal
Uma testemunha ocular alertou as autoridades para o que parece ser mais um caso de turistas a usar espaços públicos para dormir. Desta vez, o episódio teve lugar no Miradouro do Pico de São Gonçalo, no Funchal, onde uma viatura permaneceu estacionada durante a noite, com as janelas cobertas, indiciando que os ocupantes teriam passado ali a noite.
Este tipo de comportamento tem-se tornado cada vez mais comum na Madeira, especialmente entre turistas que procuram escapar aos elevados custos dos hotéis e alojamentos locais, que podem variar entre os 60 e os 200 euros por noite.
Turismo alternativo ou desrespeito por espaços públicos?
O fenómeno, embora não seja ilegal, tem gerado debate entre residentes e autoridades locais. Sem uma legislação clara que proíba expressamente a pernoita em viaturas ou o acampamento selvagem, a prática tem proliferado em vários pontos da ilha.
“Com o apoio de serviços de entrega de comida, os turistas conseguem passar dias em miradouros sem sequer precisarem de interagir com estruturas formais de alojamento. Alguns lavam roupa nas levadas próximas e secam-na em gradeamentos ou estruturas públicas, numa tentativa de manter um estilo de vida nómada e económico”, conta um morador local.
Impacto na imagem da Madeira e necessidade de regulação
Enquanto alguns consideram esta prática como uma forma criativa de viajar, outros apontam para o impacto negativo na imagem turística da Madeira, sobretudo quando há relatos de necessidades fisiológicas feitas ao ar livre e uso indevido de casas de banho públicas.
“Estamos a transformar locais emblemáticos da ilha em parques de campismo improvisados”, afirma um residente indignado, apelando à criação urgente de uma lei que regule este tipo de turismo.
A Madeira sempre foi reconhecida pela sua hospitalidade e paisagens naturais, mas o crescimento do chamado “turismo low-cost radical” levanta questões sobre sustentabilidade e respeito pelos espaços públicos.
Polícia pode intervir, mas não há proibição clara
As autoridades podem intervir caso haja perturbação da ordem pública ou denúncias, mas a ausência de legislação específica torna difícil aplicar medidas eficazes. “É urgente criar regras claras para evitar que esta prática se transforme numa nova pandemia social”, alerta um especialista em turismo regional.
Com a afluência cada vez maior de turistas de diversas partes do mundo, é imperativo encontrar um equilíbrio entre hospitalidade e preservação dos espaços públicos.
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