Uma Tragédia Inesquecível
No dia 10 de setembro de 1919, a cidade do Funchal foi palco de uma das maiores tragédias ferroviárias da Madeira. Um dos comboios que fazia a ligação entre o Monte e a cidade sofreu uma explosão, causando quatro mortos e deixando dezenas de feridos.
A explosão foi tão intensa que o estampido foi ouvido em vários pontos da cidade. Inicialmente, muitas pessoas pensaram tratar-se de um abalo subterrâneo, mas rapidamente se confirmou que o desastre ocorrera no comboio do Monte.
A Notícia no Diário
No dia seguinte, a 11 de setembro de 1919, o jornal Diário de Notícias relatava o acontecimento com grande destaque. O artigo descrevia como os habitantes da cidade ouviram o estrondo e como rapidamente se espalhou a notícia de que um comboio tinha explodido, resultando em várias vítimas.
Os Primeiros Feridos
O primeiro ferido identificado foi Henrique Herculano Nunes, um societário da Botica dos Dois Amigos. Ele foi encontrado com a cara ensanguentada e uma toalha de banho atada na cabeça, sendo socorrido por dois rapazes e encaminhado para o Hospital de Santa Isabel.
Com o avançar dos minutos, mais feridos foram surgindo, sendo transportados em automóveis para o hospital e para a Cruz Vermelha.
O Cenário do Desastre
O local do acidente apresentava um cenário de destruição total. Os destroços do comboio estavam espalhados pela linha e pelos arredores. Os gritos de dor das vítimas misturavam-se com o som das explosões secundárias, pois duas granadas e um foguete foram disparados como sinal de alerta para os bombeiros.
Os relatos indicam que o corpo do fogueiro Urbano d’Abyeu foi projetado a uma grande distância, sendo encontrado sem vida. O maquinista João Vieira Gaspar foi resgatado ainda com vida dos destroços, mas em estado crítico. A vítima Virgínia Preceito foi encontrada com o fato incendiado e um ferimento grave na cara, mas faleceu antes de receber atendimento médico. O jovem Gastão Gomes da Silva, filho do co-proprietário do Golden Gate, foi lançado para fora do comboio e levado ao hospital, onde faleceu pouco depois.
Os Números da Tragédia
O comboio transportava cerca de 54 passageiros, dos quais poucos saíram ilesos. A maioria sofreu ferimentos devido aos estilhaços de vidro e às quedas provocadas pelo impacto da explosão.
Os relatos indicam que os corpos das vítimas estavam irreconhecíveis devido à força da explosão. Alguns passageiros foram arremessados para fora da composição, enquanto outros ficaram presos entre os destroços.
Consequências e Investigações
Após o desastre, as autoridades iniciaram uma investigação para determinar as causas da explosão. Muitos especularam sobre a possibilidade de falhas mecânicas, mas também se discutiu se a tragédia poderia estar relacionada ao uso inadequado de materiais inflamáveis no comboio.
Este acidente marcou profundamente a história do transporte ferroviário na Madeira, levando a uma revisão das normas de segurança nos transportes públicos.
Ficou na memória
O acidente do comboio do Monte, ocorrido a 10 de setembro de 1919, foi um dos eventos mais trágicos da história da Madeira. Com quatro mortos e dezenas de feridos, esta tragédia permanece na memória coletiva da ilha, lembrando a fragilidade das infraestruturas de transporte da época e a necessidade de medidas de segurança mais rigorosas.
Não sabia deste acidente .
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